Para viver a alimentação vegetariana o ideal é, antes de tudo, procurar um médico. Não é simplesmente tirar a carne, é preciso aprender também a preparar o alimento e incorporar a dieta à vida prática. A sugestão é do Dr. George Guimarães, que acaba de defender tese em favor do vegetarianismo, juntamente com seu colega Júlio César Navarro, ambos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
A tese, apresentada na USP dia 12 de novembro, defendeu o tema Eletrocardiograma, Pressão Arterial e Parâmetros Laboratoriais entre Indivíduos Adventistas Vegetarianos, Semi-Vegetarianos e Onívoros de São Paulo.
A idéia da tese foi do Dr. Júlio e a coordenação nutricional ficou sob responsabilidade do Dr. George. “O trabalho começou há dois anos e a coleta de dados teve início em dezembro do ano passado”, informou o Dr. George. Preconceito sem sentido.
Para o desenvolvimento da tese foi utilizada uma amostra de 136 pessoas, independentemente de pertencerem a mesma família ou não. A única exigência é que fossem adventistas. Segundo o Dr. George, a exigência foi importante pois era preciso trabalhar com amostras homogêneas. Adven-tistas não fumam, não bebem e têm padrão de vida parecido, qualquer que seja o tipo de dieta alimentar que possuam. Fatores que podem influenciar na qualidade de vida também foram considerados, como atividade física, renda, prática de oração ou meditação e histórico de doenças.
O Dr George Guimarães acredita que o preconceito com relação ao vegetarianismo é crença sem fundamento científico.“A dieta vegetariana é adequada para qualquer ser humano. O que pode impedir que alguém siga a dieta é a localização geográfica em que vive, impossibilitando que obtenha determinado alimento ou a falta de renda para se alimentar adequadamente”, afirma o nutricionista.
Argumentos suficientes
Colesterol acima de 200 é considerado alto. As pesquisas do Dr. Júlio e Dr. George chegaram à conclusão de que 41% dos onívoros (que consomem carne) possuem colesterol alto contra apenas 22% dos vegetarianos. Os pesquisadores revelam que 22% dos onívoros possuem pressão acima de 14/9, mal que não aflige vegetarianos.
Este é o primeiro trabalho científico semelhante publicado no Brasil, será publicado em revistas científicas e provavelmente terá continuação.
“Espero que esta pesquisa sirva de estímulo para outros profissionais. O que é chamado de alternativo muitas vezes cai no ceticismo devido a falta de trabalhos científicos. Já existem profissionais que tratam o tema de forma científica, porém o vegetarianismo ainda enfrenta lutas com o preconceito e desconhecimento do assunto”, pondera o entrevistado. A repórter Camila de Andrade / Dr. George Guimarães (foto), defensores da tese na USP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário