quarta-feira, 2 de julho de 2008

Adolescentes: cresce a obesidade

Hipertensão, diabetes e outras doenças estão cada vez mais freqüentes em crianças e adolescentes.

Além dos quase 40 milhões de adultos obesos, a balança no Brasil, agora, registra excessos em cerca de seis milhões de adolescentes brasileiros. A revelação faz parte do estudo "Antropometria e Análise do Estado Nutricional de Crianças e Adolescentes no Brasil", lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em junho deste ano, que traz uma proporção de 3,7% de adolescentes desnutridos contra 16,7% que sofrem com excesso de peso.

Fase de transição
Há 30 anos, o problema de excesso de peso atingia 3,9% da população masculina e 7,5% da feminina, na faixa etária entre 10 e 19 anos, proporção que subiu, segundo dados oficiais, respectivamente, para 18% e 15,4%. “Hoje, o maior desafio para o Brasil é tratar e prevenir a obesidade na infância e na adolescência, situação bem distinta de tempos atrás, quando a desnutrição era o problema alimentar mais grave do brasileiro”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora-clínica do Centro Integrado de Terapia Nutricional, CITEN.
A pressa, a falta de tempo e a praticidade do consumo de biscoitos, alimentos enlatados e fast foods acabou levando o brasileiro a abandonar, aos poucos, hábitos saudáveis de alimentação. “Vivemos uma fase de transição nutricional, marcada por alterações na forma do brasileiro se alimentar. A substituição da comida caseira pela industrializada, facilitada pelo uso do delivery, é fato irreversível” alerta Ellen, que também é nutróloga.

Aumentam complicações
Como conseqüência desta mudança cultural, complicações relacionadas à obesidade, tais como hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes não insulino-dependente, antes diagnosticadas somente nos adultos, hoje, estão, cada vez mais, freqüentes tanto nas crianças como nos adolescentes. Para enfrentar o problema, tratando as causas da obesidade precoce, a médica diz que “é fundamental aliar políticas públicas a mudanças comportamentais na família das crianças e adolescentes obesos”, afirma a médica.
Desafiada, diante de uma questão social grave, a equipe de Endocrinologia e Nutrição do CITEN, clínica paulista voltada à terapia nutricional de doenças crônicas, elaborou algumas sugestões que podem tornar o lanche escolar mais nutritivo e menos calórico. “Tem que haver um meio termo! Não é possível permitir que nossos jovens sigam comendo diariamente batata frita no lanche da escola, ou pior ainda, salgadinhos em pacotes! Temos que orientá-los a fazer novas escolhas”, afirma Ellen Paiva.

Mudanças no cardápio escolar
É fundamental convencer criança e adolescente de que “comer direito é uma grande sacada”, não só porque é saudável, mas porque comer direito faz bem para músculos, ossos e cabelos. Será que não lhes interessa crescer? Será que eles não se sentem atraídos pela idéia de ter musculatura definida e firme? Será que não lhes importa ter cabelos saudáveis e uma pele bonita?
Para conseguir lanchar, sem estar morto de fome na hora do recreio, é preciso tomar café da manhã. “Quando fazemos jejum prolongado, perdemos a compostura. Não conseguimos ser seletivos, comemos alimentos mal preparados e de gosto duvidoso, ingerimos volume muito maior e com rapidez impossível de permitir que os sinais de saciedade cheguem ao cérebro a tempo de não nos empanturrarmos”, alerta Ellen;
Que tal propor ao cantineiro da escola a troca dos salgados fritos pelos assados? Com esta medida simples, já é possível reduzir em muito gorduras saturadas. Querem exemplos? Trocar pastel pelo enroladinho de queijo, quibe frito pela broa de fubá, coxinha pelo pão de batata;
E quem não abre mão de um sanduíche? Este jovem deve optar pelos feitos com recheio de peru como os de blanquette ou os de presunto de peru, nada de salame! Deve também evitar hambúrgueres fritos, maionese e bacon. Pães, de maneira geral, são ótimas opções para lanches, porém croissants, mesmo sem recheios, devem ser evitados, pois têm massa muito gordurosa. “Se quiserem reivindicar mais um tipo de sanduíche na cantina, deixo minha sugestão: sanduíche de pão de forma com queijo branco e blanquette de peru, pouco calórico e muito saboroso”, aconselha a médica;
E para beber? Sucos são sempre melhores que refrigerantes. “Quando o adolescente quiser reduzir calorias de sua dieta, pode contar com versões lights, que são ótimas, em latinhas ou caixinhas. Acompanham bem sanduíches ou simplesmente torradas ou bolachas”, afirma a nutricionista Amanda Epifânio, que também integra o corpo clínico do CITEN;
Doces são sempre detalhe à parte e constituem um problema para adolescentes ou adultos. “Não é por fome que consumimos brigadeiros, balinhas, chocolates, pirulitos... Quando nosso peso está em ordem, não há mal algum que façam parte do lanche”, diz a nutricionista. Entretanto, quando o adolescente passa a trocar o lanche pelo doce ou quando passa a consumi-los em demasia, corre o risco de engordar ou ingerir muita gordura “pois os mais saborosos estão sempre associados às gorduras, como sorvetes, chocolates, bolachas recheadas e tortas”, alerta Amanda.

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