quarta-feira, 2 de julho de 2008

Antiinflamatórios: alerta

Dr. Luiz Freitag

Trabalhos científicos recentes continuam comprovando a ação prejudicial de alguns medicamentos antiinflamatórios, em cuja composição entra o diclofenaco. Trata-se de produto não hormonal, que deveria reduzir efeitos das enzimas chamadas COX1 e COX2, que produzem prostaglandina, uma das substâncias responsáveis pela inflamação. Entretanto, o diclofenaco, além de não produzir os efeitos esperados, foi responsável por alterações cardíacas. Num universo de 2500 trabalhos científicos, foram observadas alterações cardícas em 1000 estudos, o que corresponde a 40% .
O diclofenaco é um dos medicamentos mais vendidos em todo o mundo, apesar de não ser o mais recomendado por todos os médicos. Isto se deve à falta de fiscalização na venda de remédios, que exigiriam receita médica.
O estudo mais recente sobre o diclofenaco teve como base a pesquisa de 23 trabalhos sobre o tema. As conclusões foram muito bem aceitas no meio médico, porque tiveram o aval da conceituada revista científica Journal of the American Medicine Association (JAMA).
Essa nova avaliação comprovou que a maioria dos estudos anteriores nunca havia levado em conta o histórico de doenças cardíacas dos pacientes. A análise dos dados mostrou que, de um milhão e seiscentas mil pessoas que tomaram o diclofenaco, 40% tiveram aumentados os riscos de ataques cardíacos e de outras doenças cardiovasculares, chegando mesmo à morte súbita.
Como sempre alertamos em temas anteriores, nunca se deve adquirir medicamentos sem receita médica, mesmo que tenham sido recomendados por parentes, amigos ou vizinhos. Todos conhecem a mensagem: “Ao persistirem os sintomas, consulte o médico.” Ora, a ordem deveria ser inversa, ou seja: “Consulte o médico, antes de adquirir o remédio”.
Além disso, é sabido que muitos medicamentos têm seus efeitos alterados, provocando até reações alérgicas com graves conseqüências, quando associados a outros remédios já em uso. Os idosos acima de 65 anos estão sujeitos a várias patologias e 85% dessa população necessita de diversos medicamentos ao mesmo tempo, como anti-diabéticos e anti-hipertensivos. O diclofenaco, se tomado por mais de 18 meses, produz efeitos colaterais nocivos. Esses pacientes já apresentam alterações no metabolismo do fígado, do rim e do aparelho digestivo e, devido a esses fatores, a ingestão do diclofenaco agrava doenças já instaladas.
Por essas razões, o paciente precisa ser examinado por profissionais de boa formação, para não ocorrer interação medicamentosa nociva.
A conclusão dos estudos sobre o diclofenaco mostra que pacientes com doença cardíaca, ou que já tiveram infarto, não devem utilizar esse medicamento. Como sempre repetimos, ouça a opinião do médico que vem acompanhando seu caso ou procure segunda opinião.

Luiz Freitag - lvfreita@uol.com.br é autor do livro “Como transformar a terceira idade na melhor idade”

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